Não existe milagre que faça os atletas secarem tanto em tão pouco
tempo. A fórmula é básica e simplória: fecham a boca e desidratam o
corpo. José Aldo, dono do cinturão da categoria peso-pena no UFC, dá uma
ideia do que são capazes. “Nos treinos estou pesando quase 77 quilos,
mas em cinco dias consigo baixar para um pouco mais de 65 quilos” - o
limite da sua categoria é 66 quilos. A dieta na semana da luta: café da
manhã com uma fatia de pão light, trinta minutos de corrida, peito de
frango com duas claras de ovo no almoço, algumas frutas, uma hora de
treino técnico (para evitar contusões); e outro peito de frango com duas
claras de ovo no jantar. E nada mais.
Vinte e quatro horas antes da pesagem oficial, que ocorre um dia antes
da luta, os atletas cortam todo o tipo de líquido – eles precisam ficar
dentro dos limites da categoria, sob o risco de não poder lutar. Depois
da pesagem podem voltar a ganhar peso sem problema - e o fazem de modo
tão rápido como quando perdem. “Antes da pesagem, continuo bebendo água,
mas não em goles. É mais comum ficar apenas molhando a boca”, conta
Aldo. No dia da pesagem, ele acorda ainda precisando perder quatro
quilos. “Corro durante uma hora e depois passo três horas dentro da
banheira de água quente” - a banheira equivale a uma sauna, desidrata, e
evita que o corpo sinta demais a perda de líquido.
EXEMPLOS
Anderson Silva - Peso normal 100 kg - Dia da pesagem 84 kg
Minotauro ------ Peso normal 110 kg - Dia da pesagem 100 kg
José Aldo ------ Peso normal 77 kg - Dia da pesagem 65 kg
O procedimento de rápida perda de peso é comum entre os atletas de
elite de MMA. Mas também há os que começam uma dieta três meses antes da
luta. Rodrigo Minotauro, ex-campeão do UFC da categoria pesado, tem 110
quilos, mas na pesagem consegue chegar aos 100 para ficar mais leve e
consequentemente mais rápido – o limite da categoria é 120 quilos. Diogo
Souza, preparador físico do Team Nogueira, conta que a dieta é
determinada por uma nutricionista e muda com a proximidade da luta. “É
tudo controlado: à noite raramente se consome carboidrato; aminoácido só
no caso de muito desgaste, e sempre há proteína após o treino.”
O procedimento varia de acordo com o biotipo do lutador. Alguns têm
mais facilidade em perder peso, caso do campeão da categoria peso-médio
Anderson Silva: ele chega a se livrar de dezesseis quilos para a pesagem
e repõe o necessário para chegar ‘forte’ à luta. “A redução drástica
não é aconselhada para todo atleta. Alguns sais minerais serão repostos
apenas 66 horas depois”, explica Souza. E, claro, tudo isso tem um custo
e compromete tanto o físico quanto psicológico. O baixo nível de
carboidrato deixa os atletas mais stressados e baixa a imunidade.
“Alguns ficam mais propícios a doenças. Não é raro lutarem com febre ou
amidalite, por exemplo.”
Reposição – Depois da pesagem os atletas começam o
trabalho para ganhar peso e chegar à luta com energia “máxima” – em 24
horas. A alimentação é a principal arma. Alguns atletas comem muita
massa para suprir a ausência de carboidratos; outros preferem frutas e
líquidos; e há os mais radicais, que até injetam soro na veia. “Como
muita fruta e, aos poucos, volto a beber água. Quando o corpo já está
mais acostumado com líquidos, tomo dois litros de soro na veia e o peso
volta quase todo”, diz José Aldo, que entra no octógono com 72 quilos,
peso que considera ideal para se tornar mais “ágil e veloz” - lembrando,
na pesagem, 24 horas antes, ele não pode passar de 66 quilos.
Mas essa reidratação brusca só deve ocorrer com os lutadores que
precisam perder muito peso em pouco tempo. Souza explica que o atleta
nunca repõe tudo o que perdeu, mas chega a um nível de recuperação que
considera confortável para entrar no octógono. “Para trabalhar com uma
margem segura, o certo é recuperar entre 65% e 75% do peso perdido. Se
perde dez quilos, o ideal é ganhar sete.”
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/lutadores-do-ufc-perdem-ate-16-kgs-para-enganar-a-balanca
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