Atletas amadores e quase profissionais contam os motivos que os levaram a adotar a prática regularmente. Do prazer ao benefício à saúde, são várias as razões
Nádia Medeiros - Correio BrazilienseParque da Cidade, 7h30 da manhã. Com chuva ou sem chuva, em maior ou menor quantidade, lá estão eles. Amadores, quase profissionais e profissionais se misturam nos percursos do local para praticarem a modalidade conhecida como a mais democrática que existe: a corrida. Afinal, basta um bom tênis — importante para evitar lesões — e disposição.
Os objetivos e motivos para as pessoas estarem ali são os mais variados. Uns correm porque sentem prazer e consideram o momento uma forma de relaxar e apreciar o tempo longe das tarefas do dia a dia. Outros o fazem para eliminar as gordurinhas indesejáveis. Há aqueles que dão suas passadas por questões de saúde. E tem ainda os que buscam superar os próprios limites e que treinam pensando na próxima prova e em como baixar o recorde pessoal.
O fato é que, independentemente das metas de cada um, todos saem ganhando. A corrida, segundo o fisiologista e pesquisador do laboratório cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) Guilherme Molina, traz muitos benefícios, seja na questão metabólica, seja na cardiovascular ou nervosa.
Em um passeio pelo Parque da Cidade, o Correio encontrou esses “beneficiados” e conversou com alguns para saber o que os motiva.
...por hobby
Sabe aquela máxima de que correr vicia? Pois é, Milene Goston é a prova disso. Ela começou a praticar o esporte há 25 anos, por incentivo dos amigos. Com o tempo, viu que a modalidade lhe dava prazer e não conseguiu parar mais. Outro ponto que a seduziu foi o fato de a corrida não exigir “parafernálias”. Basta o tênis e um bom lugar.
Milene costuma percorrer as ruas do Lago Sul, onde mora, e frequentar parques e as mais diferentes avenidas da cidade. Também não se importa com horário, que se adapta ao do trabalho. Quando dá, corre pela manhã. Caso contrário, à noite. E tanto faz como esteja o tempo. O importante é continuar com seus 10km, três vezes por semana. “Correr é a melhor terapia que existe. Quando não faço isso, parece que falta algo”, afirma. E se tivesse que convencer alguém a correr, qual seria ser argumento? “Quem nunca correu, basta aguentar os 15 primeiros minutos. Depois, não vai mais querer parar.”
Milene Goston, 41 anos, servidora pública
... para ter qualidade de vida
A funcionária pública Fabrícia Figueiredo é a síntese de vários corredores ao mesmo corpo. Ela diz que praticou o esporte em diferentes épocas da vida. “Corro porque gosto, sinto prazer e também porque emagrece. Além disso, tem o contato com a natureza. Podemos fazer isso ao ar livre”, ensina. Até três meses atrás, corria sozinha, sem orientação de
um profissional. Pegava planilhas em revistas e sites e cumpria as metas
ali estabelecidas.
A prática, porém, provocou um desconforto no quadril após completar a Meia Maratona do Rio de Janeiro, no ano passado. Para não acontecer mais isso, ela entrou em uma assessoria de corrida e, hoje, segue os treinos passados por Alan Marzola, um dos técnicos da Go Run. “Fiquei com medo de me machucar de novo e, por isso, procurei assessoria. Agora, treino três vezes por semana, sempre pela manhã”, diz.
Fabrícia Figueiredo,
46, funcionária pública
...por saúde
Artur não se lembra exatamente de quando começou a correr. Mas diz que foi quando era muito novo e jogava bola. A corrida, que ajudava no condicionamento físico, nunca mais saiu de sua vida. Ele confessa que passou por épocas com menos empolgação e outras com mais, entretanto, nunca deixou de dar suas passadas.
O lugar predileto para percorrer seus cerca de 6km a 7km é o Parque da Cidade.
De três a quatro vezes na semana, ele está lá. Sábados e domingos é quase obrigação. Apesar de continuar jogando bola, Artur afirma que, hoje, corre por sua saúde e para ter maior qualidade de vida. “É uma forma de me cuidar. Se deixar, o corpo só quer ficar deitado na cama”, brinca.
Artur Solon,
47, funcionário público
...para competir
Daniel Marcondes pode ser considerado um corredor amador prestes a se tornar um atleta profissional. Sua primeira prova de rua foi quando tinha “uns 12 ou 14 anos”, em uma maratoninha de 1km. “Ainda tenho a medalha”, lembra. De lá para cá, começou a treinar e a intercalar as passadas com a bicicleta e a natação. Naturalmente, foi parar no triatlo, em 2004. Já participou de IronMan e afirma gostar de provas longas, de resistência.
Só de maratonas, tem cinco no currículo. De corridas em geral, são mais de 200. Os treinos passam longe de ser como os de um atleta amador comum. Em algumas semanas, são realizados todos os dias, de quatro a cinco horas. Na corrida, percorre cerca de 60km a 70km por semana. A distância deve aumentar, já que atualmente treina para competir de novo no IronMan, realizado sempre em Florianópolis, no segundo semestre.
“A meta é ficar entre os sete primeiros da minha categoria
(30 a 34 anos). Ano passado, fiquei em 11º. Preciso conseguir mais quatro posições”, adianta. “Corro para competir. Sempre tento buscar a minha superação pessoal, bater meu próprio recorde. Nunca me conformo com os resultados e sempre busco novos desafios para tentar ser mais rápido”, afirma.
Daniel Bruno Marcondes, 31, nutricionista
...para emagrecer
Há 10 anos, Janaína Corrêa decidiu que precisava emagrecer.
Para ajudar no objetivo, passou a correr. Procurou uma assessoria, aprendeu a praticar o esporte de maneira correta e, depois, seguiu sozinha na atividade. A meta de perder peso ainda existe, mas ela confessa que também viciou e, por isso, não largou o esporte.
Religiosamente, frequenta o Parque da Cidade três vezes por semana. Quando está com o horário apertado, leva outra roupa e, após o exercício, toma banho, se arruma e vai trabalhar. Para ela, a satisfação após a corrida é o que compensa. “Produzo melhor quando corro. Meu dia fica mais feliz. Todo mundo pode correr, é só querer”, diz.
Janaína Corrêa de Sá, 33, funcionária pública
Benefícios das passadas
Curto prazo (agudo)
» Metabólico
A prática aumenta o consumo de glicose do músculo e, consequentemente, reduz a taxa de açúcar no sangue. Também eleva a temperatura corporal logo após o exercício, fazendo com que o metabolismo acelere e gere alto gasto calórico.
» Cardiovascular
Após a corrida, há a diminuição da viscosidade do sangue, que se torna mais fluido. Com isso, reduz-se a pressão arterial (efeito hipotensor), que implica menos trabalho para o coração.
» Nervoso
Num primeiro momento, temos o efeito analgésico, que se traduz numa sensação transitória de bem-estar. Durante a corrida, aumenta a produção das substâncias químicas serotonina e dopamina, que geram sensação de bem-estar e diminuem a ansiedade e o estresse.
Longo prazo (crônico)
» Metabólico
Controle da taxa de açúcar no sangue, diminuição dos hormônios que degradam o tecido muscular (cortisol), menor suscetibilidade ao estresse e ao risco de lesões.
» Cardiovascular
Ao fazer com que o coração bata menos por minuto, a corrida acaba tendo uma função cardioprotetora, regulando as batidas do órgão.
» Nervoso
Diminuição do quadro de depressão, melhora da relação de aprendizagem cognitiva e estabilidade química do cérebro, gerando um comportamento mais estável.
fonte: http://www.superesportes.com.br/app/19,66/2012/02/01/noticia_maisesportes,28287/atletas-contam-os-motivos-que-os-levaram-a-adotar-a-corrida-de-rua.shtml
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